quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A primeira vista....



A primeira vista, que é como chamamos quando conhecemos uma pessoa brevemente, é algo interessante, alguns dizem que a primeira impressão é a que fica, como eu não acredito que as pessoas “são” e sim que elas “estão”, não consigo concordar muito com isso, e o motivo é muito simples, as pessoas se vendem muito melhores do que elas realmente são, e  nesses primeiros encontros, nessas primeiras vistas isso ocorre com muito mais vigor.

Mas sabe, eu não estou falando de ‘primeira vista’ sobre encontro amoroso, encontro de pretendentes ou afins, eu acredito que a fragmentação da “a primeira impressão é a que fica” deve ser descontinuada para qualquer nova pessoa que você venha a conhecer, sejam essas pessoas uma nova prima que você visitou, um novo vizinho, seus novos amigos de sala na faculdade, uma nova atendente na padaria que você frequenta, aquele parente agregado que acaba de entrar na família, um novo colega de trabalho e é claro que eu não poderia deixar de fora: seu pretendente.

A primeira vista é aquela capa do livro ruim que se mostrou uma bela história, ou vice versa.

Aprendi que no primeiro encontro eu nunca devo dizer de cara “prazer, sou Jean”, porque se no final do encontro não tiver sido um prazer, eu não vou dizer “me devolva o prazer que eu havia te dado no começo da nossa conversa? Porque não foi um prazer!”.  É mais ou menos isso, a primeira impressão pode vir borrada, manchada, com pouco ou muita tinta, e isso você só descobre com mais trocentas primeiras vistas, só o tempo determina qual é realmente a impressão que temos dessas pessoas.

A primeira vista tem photoshop e muito trabalho de edição, com o tempo e com o passar da história você assim como num jogo de 7 erros vai adaptando sua visão, vendo cada ponto oculto, percebendo os fatores ocultos e vendo a imagem como ela realmente é, limpa, clara e nítida.

É difícil desconstruir isso né? A primeira vista é algo que nos confortam, sentimos necessidade de estar no controle, ter convicção que conhecemos o outro, ser seguro sobre a personalidade de um novo conhecido mesmo que superficialmente, e isso não é culpa sua, seu cérebro tem esse papel, de analisar e fazer o pré-conceito para que você goste ou não de alguém, para que exista empatia ou aversão à figura daquela pessoa. Mas acontece que o cérebro se engana, tanto quando as outras pessoas fazem isso com a gente.

Seu cérebro pode não gostar de um figura, que na realidade era falsa e com o tempo se mostra uma boa pessoa, boa amiga, boa vizinha, excelente colega de trabalho, ou também, seu cérebro pode gostar e despertar muito empatia por alguém que na realidade era uma máscara... e é ai que vem a melhor parte: com o tempo, essa primeira impressão vai se modificando, mesmo que você não perceba, essa imagem que não é concreta vai recebendo novas pinceladas sobre a tela já borrada, e é quando começamos a dar forma à imagem, quando os pré-conceitos vão se justificando ou se mostrando argumentos falhos.

E é apenas por esse motivo, e simplesmente por esse motivo que eu não acredito em primeira imagem ou que a primeira impressão é a que fica. De dizer ‘muito prazer’ antes mesmo de te conhecer.

E qual é a sua impressão?

PS: após a construção desse texto, eu li algo muito interessante, que tenta transmitir o mesmo pensamento que eu propus. Esse texto é mais curtinho do que o meu, e também explica a diferença de pré-conceito e preconceito. Só clicar aqui.

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