A primeira vista, que é como chamamos quando conhecemos uma
pessoa brevemente, é algo interessante, alguns dizem que a primeira impressão é
a que fica, como eu não acredito que as pessoas “são” e sim que elas “estão”, não
consigo concordar muito com isso, e o motivo é muito simples, as pessoas se
vendem muito melhores do que elas realmente são, e nesses primeiros encontros, nessas primeiras
vistas isso ocorre com muito mais vigor.
Mas sabe, eu não estou falando de ‘primeira vista’ sobre encontro
amoroso, encontro de pretendentes ou afins, eu acredito que a fragmentação da “a
primeira impressão é a que fica” deve ser descontinuada para qualquer nova
pessoa que você venha a conhecer, sejam essas pessoas uma nova prima que você
visitou, um novo vizinho, seus novos amigos de sala na faculdade, uma nova
atendente na padaria que você frequenta, aquele parente agregado que acaba de entrar
na família, um novo colega de trabalho e é claro que eu não poderia deixar de
fora: seu pretendente.
A primeira vista é aquela capa do livro ruim que se mostrou
uma bela história, ou vice versa.
Aprendi que no primeiro encontro eu nunca devo dizer de cara
“prazer, sou Jean”, porque se no final do encontro não tiver sido um prazer, eu não vou dizer “me devolva o prazer que eu havia te dado no começo da
nossa conversa? Porque não foi um prazer!”. É mais ou menos isso, a primeira impressão
pode vir borrada, manchada, com pouco ou muita tinta, e isso você só descobre
com mais trocentas primeiras vistas,
só o tempo determina qual é realmente a impressão que temos dessas pessoas.
A primeira vista tem photoshop e muito trabalho de edição, com
o tempo e com o passar da história você assim como num jogo de 7 erros vai
adaptando sua visão, vendo cada ponto oculto, percebendo os fatores ocultos e
vendo a imagem como ela realmente é, limpa, clara e nítida.
É difícil desconstruir isso né? A primeira vista é algo que
nos confortam, sentimos necessidade de estar no controle, ter convicção que
conhecemos o outro, ser seguro sobre a personalidade de um novo conhecido mesmo
que superficialmente, e isso não é culpa sua, seu cérebro tem esse papel, de analisar
e fazer o pré-conceito para que você goste ou não de alguém, para que exista
empatia ou aversão à figura daquela pessoa. Mas acontece que o cérebro se
engana, tanto quando as outras pessoas fazem isso com a gente.
Seu cérebro pode não gostar de um figura, que na realidade
era falsa e com o tempo se mostra uma boa pessoa, boa amiga, boa vizinha,
excelente colega de trabalho, ou também, seu cérebro pode gostar e despertar
muito empatia por alguém que na realidade era uma máscara... e é ai que
vem a melhor parte: com o tempo, essa primeira impressão vai se modificando,
mesmo que você não perceba, essa imagem que não é concreta vai recebendo novas
pinceladas sobre a tela já borrada, e é quando começamos a dar forma à imagem,
quando os pré-conceitos vão se justificando ou se mostrando argumentos falhos.
E é apenas por esse motivo, e simplesmente por esse motivo
que eu não acredito em primeira imagem ou que a primeira impressão é a que fica.
De dizer ‘muito prazer’ antes mesmo de te conhecer.
E qual é a sua impressão?
PS: após a construção desse texto, eu li algo muito interessante, que tenta transmitir o mesmo pensamento que eu propus. Esse texto é mais curtinho do que o meu, e também explica a diferença de pré-conceito e preconceito. Só clicar aqui.
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