sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Deixa eu te falar a verdade...

Acho que em você eu sempre posso confiar, posso dizer as verdades que mais me doem ou as alegrias que mais me fazem sorrir. Acho e tenho muita convicção nisso, de que aqui com você eu posso ser completamente eu, da forma mais pura como eu me conheço, embora eu mesmo me conheço bem pouco.

E talvez esse seja o motivo de hoje eu escrever com o coração tão apertado, tão triste. A falta de me conhecer por completo. Hoje estou isento de qualquer forma de alegria e prazer. Não hoje me referindo ao dia de hoje por completo, porque são pouco mais de 23hs agora e a maioria das horas do meu dia foram boas, acho que realmente como dizia Sandy “a noite cai e o frio desce” e emendando Kelly Key “a noite chega, e com ela a depressão”. Acho que essa tristeza só me acomete a noite, durante o dia ela é ausente, distante e itinerante, se esconde em outro lugar, talvez em um outro alguém e assim ela me deixa viver, sonhar. Mas a noite eu me sinto profundamente deprimido, incompleto, insatisfeito. Sozinho.

Nunca me senti tão sozinho como me sinto agora e ao contrário de muitas outras vezes que eu me senti sozinho e que de alguma forma eu podia sentir a minha família por perto e até mesmo os meus amigos, dessa vez tudo é diferente, meu núcleo está distante, minha cidade, minha casa, minha vida mesmo parece estar distante.

Mas essa foi a minha escolha, viver só, livre e distante, justamente para que eu pudesse me conhecer e desbravar um pouco mais da vida além dos confortos e acomodações que a casa dos pais nos trazem, ou ao menos a mim trazia. A falta de me conhecer me fez optar por escolhas (que ora boas e ora tristes) e me fazem refletir sobre essas escolhas, porque agora de certa forma eu me conheço melhor e agora escrevendo sobre isso consigo enxergar que são essas escolhas que me fazem conhecer a mim mesmo, que embora possam trazer momentos tristes, são as tristezas acometidas pelas minhas escolhas, mas que são carregadas de sabedoria se você souber ouvi-las. Ouvir as suas escolhas.

E esse é o bom de ter atitudes e tomar decisões na vida, se não fosse essas decisões e escolhas que me trouxeram até aqui eu desfrutaria de momentos triste com menos frequência, mas em contrapartida eu também me conheceria menos, e se a intenção é se conhecer, as minhas escolhas estão dando certo. De certa forma a tristeza da qual eu partilho aqui e agora me fez amadurecer de tal forma que os momentos mais felizes seriam incapazes de me proporcionar. Afinal de contas foi o momento triste que me fez raciocinar e refletir sobre as minhas escolhas.


Olha, já me sinto até mais feliz. Um brinde a tristeza.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Gosto é gosto?

  Justifique seus gostos ao final desse texto.

  Já não é de hoje que ouvimos falar que gosto é gosto e que não se discute, que gosto é pessoal e que cada um tem o seu. Mas já parou para pensar de onde surgem os gostos já que nascemos sem gosto algum?

  Será mesmo que os seus gostos são inerentes ao seu ser ou a sua cultura e sociedade, e que nada te influenciou a gostar do que gosta?

  Muitas pessoas podem achar que gosto é nato e que você o obteve por simplesmente obter, mas não é bem assim, o ‘gosto sendo ele: à disposição de um indivíduo em realizar determinadas escolhas a partir das condições com que se depara’ é algo socialmente construído e determinado pela cultura que se está inserido, e também pelas influencias sociais com que o individuo se relaciona e se expõem.

  O seus gostos foram construídos e formatados a partir das suas relações com o mundo e não do acaso, e por esse motivo é sempre bom questionar e refletir: por que eu gosto assim e não assado? Existe pré-conceitos e julgamentos nas minhas escolhas e gostos?

  E o preconceito é algo comumente disfarçado de gosto, porque as pessoas compreendem que se “eu gosto apenas de pessoas com características X, não é preconceito é apenas meu gosto”, mas devemos avaliar até que ponto esse gosto está alinhado com os padrões definido pela sociedade e a cultura do nosso meio, e até que ponto esse gosto não pode ser um preconceito embutido em questões puramente pessoais.

  Nota-se que os gostos sofrem uma segregação cultural, que em determinado lugares os gostos se repetem e são os padrões sociais que diferem de outras localidades. Isso denota com clareza como a sociedade formata os gostos, pois do contrário não teríamos gostos unanimes numa mesma esfera já que todas as pessoas construiriam seus gostos sem pré-disposição e á partir da aleatoriedade e sendo assim haveria uma pluralidade de gostos sem que um se destacasse com tanta ênfase em relação aos outros. Mas não vemos isso ocorrer.

  Uma pessoa que nasce numa família onde não gostam de comer jiló, tem uma chance de muitos por cento de nunca gostar de jiló, dizer que não gosta de jiló e que é apenas questão de goto (esse é um exemplo para facilitar o entendimento, como não há uma pesquisa a respeito prefiro não por isso em dados quantitativos e percentuais). Essa pessoa pode nunca ter comido jiló antes na vida, mas ela prefere usar como argumento o ‘é apenas meu gosto’.

  Apenas meu gosto não é um argumento, é apenas uma defesa justamente quando (na maioria das vezes) não se tem um argumento, e como você não sabe explicar o motivo pelo qual te leva a escolher algo em relação à outro, você ‘argumenta’ com a questão de ‘gosto’ mesmo que nunca tenha experimenta ambas as opções ou ao menos tentado dar uma chance a opção não escolhida.

  Porém isso não significa que você deve sair pelo mundo experimentando tudo que tiver disponível e ao seu alcance, para que possa definir seus reais gostos (embora caso seja possível e não fizer mal, não vejo porque não por essa ideia em pratica), os gostos devem ser questionados e refletidos a respeito quando os mesmos implicam em discriminação e representem algum tipo de segregação cultural e de pré-conceito ou preconceito.

  Quando o seu gosto passa a diminuir um determinado grupo e desfavorece-los ou quando esses gostos prejudicam uma tribo social eles devem ser questionados e avaliados de ondem surgiram. Quando os gostos são carregados de julgamentos devemos ficar atentos, já que muitas vezes ficamos incrédulos aos gostos alheios e colocamos uma visão aversiva a respeito das pessoas em relação aos gostos que elas têm, sendo que nem mesmo você sabe explicar seus gostos.

  Já que sabemos que gostos são socialmente construídos, uma boa prática é começar a questionar os seus gostos e abrir a mente para novas possibilidades, novo gostos e novas formas, desprender-se dos padrões culturais e enxergar novas janelas e deixar de tentar argumentar preconceito com o chavão do “gosto não se discute”.

Saia da forma do gosto, experimente o novo.

PS: condição sexual não pode ser tratada como gosto, já que a atração por gênero é inerente ao ser, não se propõem para uma pessoa experimentar relações com determinado gênero sexual se a mesma não sente atração por aquele gênero, enquanto que padrões de culinária, beleza, vestuário e afins são determinações culturais, logo que não sentimos atração por essas.

PS 2: post inspirado no texto “A construção social do gosto, no cinema e na vida” e no vídeo “É gosto, não é preconceito”.

segunda-feira, 9 de março de 2015

A brevidade do tempo

  Eu sempre soube que o tempo não é uma processo renovável, aquele minuto, aquele momento, aquela oportunidade que você perdeu, ela não se renova, ela não se transforma e retorna pra sua vida como um nova oportunidade pra reaproveitar o tempo perdido, ao menos não em forma de ganhar um novo tempo.

  O tempo e a vida são mecanismo que vão se esgotando, você tem menos tempo para realizar as coisas a cada instante que você segue vivendo e de forma geral isso é muito positivo, porque nos faz valorizar cada tempo que temos e cada oportunidade de ser feliz nessa brevidade que chamamos de vida.

  Mês passado eu li um livro, muito inspirador da qual me sugeriu o tema desse post, o livro é “Sobre a Brevidade da Vida”, escrito pelo filosofo Sêneca a milhares de anos atrás, e não vou dar nenhuma introdução especifica do livro porque esse post traz em suma a essência e aprendizado da leitura, mas quem quiser saber mais sobre é só clicar nesse link.

  Infelizmente pra nós o tempo é algo abstrato, e por não tem um peso ou uma medida de forma substancial e palpável nós não o valorizamos. Diferente de bens materiais, ninguém sabe quanto de tempo tem ou o quanto esta se perdendo. O tempo não sofre desvalorização e na maioria das vezes não tem alta. Se o tempo fosse uma quantia em dinheiro tenho certeza que ninguém o desperdiçaria, mas como não é, nós simplesmente utilizamos da forma que queremos ou imaginamos, na maioria das vezes sem nem pensar em como estamos usufruindo e se estamos fazendo bons investimentos com ele e usando de forma que nos traga benefícios, que nos faça feliz.

  Saber que o tempo vai acabar e que você não deveria desperdiça-lo com coisas triviais é um processo muito necessário pra quem quer ser feliz. Há um bom tempo quando eu me dei conta disso eu deixei de lado muitas coisas: pessoas que não me agregava nada e só me fazia desperdiçar tempo, brigas e inimizades que só me faziam ficar mal, gasto de energia com pensamentos ruins, brigas ou fatores negativistas e principalmente o orgulho, quem sabe o quanto o tempo é curto muitas vezes abre mão do orgulho pra poder usufruir o tempo com coisas realmente positivas, perder tempo com rancor e mágoa é a maior furada, não nos leva a nada e ainda nos prende a sentimentos que não nos faz feliz. Abrir mão do orgulho e reconciliar relacionamentos (sejam eles quais forem) é mostrar pra você mesmo que não compensa perder a oportunidade de sorrir com a pessoa por causa de um acontecimento muitas vezes levado a briga por caprichos banais.

  As vezes se desapegar e passar por cima do orgulho é a única coisa que nos resta pra ser feliz. Não se culpe e nem se sinta inferior por isso. Se o seu medo é o que as pessoas vão pensar, lembre-se que a opinião dos outros não pode ser mais valiosa que o tempo disponível que você tem pra ser feliz.

  Ser um aproveitador do tempo é mais do que simplesmente viver é gostar de viver, é não depositar na eternidade a oportunidade de ser feliz, e não deixar pra sorrir amanhã o que deve ser sorrido hoje (meio auto ajuda, mas ok).

  O tempo é a peça chave pra ser feliz, não existe busca pela felicidade, porque ela não deve ser um objetivo ou uma meta, ser feliz é viver cada instante, cada dia, cada oportunidade e é fazer do seu presente o melhor lugar pra se viver não esperando do futuro a felicidade que já está acontecendo, porque quem disse que o futuro existe?

  O futuro é cada momento que você desperdiça pensando no futuro. O tempo é todo tempo, é cada momento, e não sabemos quanto dele ainda temos. Use da sua energia para coisas positivas, reforçadoras e construtivas. Não empenhe energia nem gaste seu tempo cultivando o supérfluo, o trivial e o desnecessário, se desapegue de tudo que não te faz feliz e viva imensamente o agora.


  O tempo vale vida e a vida é o tempo todo.